Selic deve subir para 4,25%, aponta especialista

Selic deve ter reajuste de 0,75% em relação a taxa atua
Selic deve ter reajuste de 0,75% em relação a taxa atual. Foto: Freepik/Divulgação
Nesta quarta-feira (16), o Copom (Comitê de Política Monetária) irá anunciar a taxa básica de juros após o segundo dia de reunião. De acordo com a análise do professor da Fipecafi, Jhonatan Hoff, o reajuste deve ser de 0,75% em relação a taxa atual, fixando a Selic em 4,25%.

Para o professor da Fipecafi a elevação é reflexo do atual momento. “A expectativa de aumento na taxa Selic é um reflexo dos aumentos nos índices de inflação divulgados recentemente. As projeções evidenciam a tendência de que o IPCA fique acima da meta definida para o ano de 2021. Como uma medida para manter a inflação dentro do centro da meta, a tendência é de que ocorram novos aumentos na taxa Selic até o final do ano”, ressaltou.

Recentemente o PIB apresentou resultado positivo e o IPCA apresentou a maior alta para o mês de maio em 25 anos. Estes resultados podem afetar a Selic, como explica o especialista.

“A inflação acumulada no último mês de maio ficou acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional e pelas próprias expectativas divulgadas pelo Banco Central. Como a Selic é utilizada como uma referência para as demais taxas de juros da economia, ela também é utilizada como um mecanismo de controle da inflação. Com o aumento dos índices de inflação existe uma expectativa de que a Selic seja reajustada para cima, buscando controlar a inflação, uma vez que juros mais altos encarecem o crédito, diminuem a quantidade de moeda em circulação e pressionam os preços dos produtos para baixo”, destacou.

Hoff pondera que a última previsão para o crescimento do PIB aumentou de 4,36% para 4,85% e, apesar da retomada recente da economia, os números precisam ser analisados com bastante cautela.

“A economia chegou a mostrar sinais de reação nos últimos meses, mas o agravamento da situação sanitária no país deve limitar o ritmo da continuidade de retomada e crescimento econômico. É preciso lembrar que o auxílio emergencial injetou uma quantidade bilionária de recursos na economia e foi um dos principais responsáveis pela recuperação, mesmo em meio à crise. Contudo, mesmo que o governo promova novos pagamentos do auxílio, a tendência é que o valor seja menor. Além disso, a lentidão na vacinação da população e a piora nos números da pandemia no Brasil indicam limitações ao crescimento econômico e, consequentemente, a superação da crise e a retomada da normalidade levará mais tempo que o esperado. Justamente por conta disso, é preciso analisar a retomada do crescimento econômico com cautela. O crescimento assistido nos últimos meses foi um reflexo da própria inflação e do auxílio emergencial e não representa, até o momento, um movimento sustentado de longo prazo”, explicou.

O especialista comenta ainda qual seria o impacto para a economia se uma terceira onda da Covid-19 se tornar uma realidade no país. “No caso de uma terceira onda, cada vez mais eminente pelos números apresentados pelos especialistas, haverá um impacto na economia brasileira e também na Selic. O agravamento da crise sanitária representa impedimentos concretos ao retorno das atividades econômicas, em meio a uma economia já bastante fragilizada pela pandemia. Nesse contexto, a tendência é de que a inflação continue aumentando e, consequentemente, levará a um aumento na taxa Selic como uma medida de contenção da inflação”, comentou.

O impacto nos investimentos

Os investimentos também continuam sendo afetados pelo cenário de incertezas. “As alterações da taxa Selic promovem mudanças nas alocações de investimentos na economia. O aumento da Selic no cenário atual ocasionará uma remuneração maior em aplicações de renda fixa. A incerteza envolvida no desenrolar da crise sanitária e na retomada do crescimento econômico exige uma cautela ainda maior dos investidores. Os investidores que buscam retornos maiores em aplicações de renda variável devem avaliar os riscos com prudência e estabelecer medidas para a gestão desses mesmos riscos”, finalizou o professor da Fipecafi.
Sobre a Fipecafi

A Fipecafi foi fundada em 1974 por professores do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) e atua desde então como órgão de apoio institucional ao departamento. Dentre seus principais objetivos estão: a missão de desenvolver e promover a divulgação de conhecimentos da área contábil, financeira e atuarial, organizar cursos, seminários, simpósios e conferências, prestar serviços de assessoria e consultoria e realizar pesquisas, atendendo entidades dos setores público e privado.
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