Mãe, guerreira, atenciosa, e vitoriosa. Sempre disposta a ajudar ao próximo, Maria do Rosário Martins saiu de Minas Gerais e construiu uma vida repleta de desafios e alegrias nos Estados Unidos. Ela sofreu um acidente de carro nessa semana e luta pela vida.
No Dia das Mães no Brasil, o coração de uma família está um pouco mais aflito. Conhecida por seus trabalhos de ajudar ao próximo nos Estados Unidos, a empresária Maria do Rosário Martins sofreu um grave acidente de carro nesta semana e seu estado de saúde inspira cuidados. Segundo o boletim médico, ela teve fratura no pescoço, nas pernas e nos braços, além de perfuração e abertura no peito.
A torcida pela sua recuperação é grande por todos que a conhecem, em especial de sua filha, a empresária Sophia Utnick, que faz sucesso na web por cuidar da carreira de diversos talentos da música no nordeste brasileiro.
Maria do Rosário não está todos os dias nas páginas dos jornais por seu trabalho social, mas deveria. Essa mineira de Itambacuri, com 70 anos de idade, mora hoje em Marshalltown (EUA). No início dos anos 80, ela era dona de um bar na cidade de Governador Valadares e tinha vida pacata como muitas pessoas como ela. Porém, sua vida virou de pernas para o ar quando descobriu que o filho Denizak tinha câncer de vida. “Meus pais começaram a vender tudo o que tinham para tentar salvar a vida dele, mas como naquela região de Minas o sistema de saúde não oferecia muitos recursos, a única solução naquele momento era ir para São Paulo. Mas não adiantou”, revela sua filha, Sophia.
Devastada com a perda do ente querido, tudo que cercava naquela cidade lembrava o filho. Foi quando Maria do Rosário decidiu mudar radicalmente de vida. Partiu para Boston (EUA), onde residiu por muitos anos e teve vários ofícios diferentes. “Ela trabalhou em uma fábrica de chocolate, em um supermercado cortando frutas, fazia faxina em casas e dormia 4 horas por dia”. Além disso, tinha um apartamento de dois quartos, que foi o local onde sua vida teve mais uma mudança, conta Sophia.
Até que em um certo dia, ao sair para o trabalho às 4 horas da manhã, Maria do Rosário avistou uma pessoa dormindo em um banco no ponto de ônibus. Considerando que era inverno naquela cidade, ela sentiu um chamado no coração para ajudar. “Foi aí que ela parou para perguntar se podia ajudar de alguma forma, e para surpresa dela era um brasileiro que acabava de chegar do Brasil. A pessoa imigrou pelo México e aquele que iria recebê-lo simplesmente não deu nenhuma assistência, então ele não tinha para onde ir”, detalha Sophia.
Maria do Rosário então levou aquele conterrâneo para sua casa, numa atitude inesperada, afinal, abriu as portas de sua residência para um estranho. Quando perguntava as razões de tal atitude, a resposta era taxativa: “E se fosse um filho meu nesta situação”, relata Sophia.
Foi o início de um acolhimento que se tornou marca registrada daquela senhora. “Desde então vários brasileiros que chegavam à cidade e não tinha lugar para morar recebiam da minha mãe uma ajuda. Ela se tornou uma referência para todos que se encontravam naquela situação. Para se ter uma ideia, teve época que 40 pessoas chegaram a morar dentro do simples apartamento dela. E, além de tudo isso, ela conseguia emprego para todos eles”, destaca Sophia.
Ao mesmo tempo, Maria do Rosário resolveu apostar no seu dote empresarial. Abriu uma companhia de limpeza e levou os demais filhos para os Estados Unidos. Hoje, todos eles se tornaram empresários e formaram suas famílias.
Atualmente, Maria do Rosário está aposentada, mas ainda presta diversos serviços voluntários à comunidade latina-americana. Nos dias de inverno, seu gesto nobre é oferecer carona para quem não tem automóvel próprio para ir ao trabalho. “Aos sábados e domingos, se dedica à cozinha, onde prepara bastante comida para ser distribuída em igrejas”, salienta a filha.
Para o futuro, apenas um desejo: “Ver a casa cheia de bisnetos, porque de netos ela já tem muitos”, diz entre risos a filha Sophia Utnick. E uma lição valiosa que ela tira diante do esforço da mãe, ela faz questão de dizer: “Nunca desista de você e dos seus. Às vezes o mundo é cruel, mas Deus sabe o melhor para nós”.
Maria do Rosário teve pouco estudo (não terminou nem a 4ª série), mas ainda assim é uma vitoriosa, reforça Sophia. “Ela construiu um império gigante. Nem eu, com todas as faculdades que graduei, consegui chegar onde estou sem um conselho dela. O que aprendi sobre negócios e como tratar as pessoas não está publicado em livros, mas sim em um coração cheio de bondade e gratidão”, destaca.
A expectativa da família é que “o presente do Dia das Mães seja a cura e plena recuperação” de Maria do Rosário, “para que ela possa seguir sempre sorrindo e estendendo a mão ao próximo, como sempre fez”, finaliza sua filha.