Advogada Lorrana Gomes afirma que paciência também deve fazer parte do rol de habilidades de um advogado em relação ao cliente
Levantamento do IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação mostra que, nos últimos 32 anos, foram editadas mais 6,4 milhões de normas que regem a vida dos cidadãos brasileiros, o que equivale a uma média de 800 normas por dia útil. O período pesquisado foi de outubro de 1988 a setembro de 2020. Os números revelam que a legislação do Brasil é complexa, confusa e de difícil interpretação. E é esse arcabouço jurídico que os agentes que praticam o Direito enfrentam em sua tarefa de fazer prevalecer a Justiça.
A quantidade de leis vigentes no país é um desafio para a advocacia, afirma Lorrana Gomes, advogada e consultora jurídica. “A legislação brasileira é vasta e dinâmica, se considerarmos que é modificada quase que diariamente. Por mais que se conheça o ordenamento jurídico é necessário aos agentes que lidam com Direito se capacitar e se atualizar constantemente, porque não basta conhecer as leis, o advogado também trabalha com doutrina, jurisprudência, decisões dos tribunais de todas as instâncias”.
A função do advogado, segundo Lorrana Gomes, é dar segurança jurídica ao cliente que, a princípio, desconhece as leis. “Muitas vezes, a pessoa não tem noção de quais direitos foram violados”, observa. De acordo com ela, falta conhecimento do cidadão sobre onde buscar justiça. “Aqueles que não podem pagar advogados têm a seu dispor a Defensoria Pública, os núcleos de práticas jurídicas dentro das faculdades de Direito, juizados especiais”. E destaca que “o não acesso à Justiça está mais atrelado à falta de informação do que pela condição financeira”.
“Mas independente da situação do cliente, é o advogado que precisa orientá-lo”, frisa. “É nosso dever entender e interpretar as leis para o cliente, de uma maneira que ele entenda. Portanto, a boa comunicação é fundamental para deixá-lo sempre a par do processo, das decisões, das audiências etc.”.
A advogada ainda acredita que ter paciência também é preciso. “Tenho muitos clientes idosos que não sabem lidar muito com o digital e têm muita dificuldade com a tecnologia. Hoje, muito mais por conta da pandemia, as audiências são on-line, o que se tornou uma barreira para os mais velhos. Então é função do advogado ter um olhar mais atento e reduzir as barreiras que eles encontram de uma forma tranquila e didática”.