Os níveis de carbono na atmosfera são determinantes para a rapidez com que as mudanças climáticas se desenvolvem. Uma maneira de evitar que a situação piore é proteger as reservas de carbono, e uma delas tem sido negligenciada: o solo.
Para quem está com pressa:
- O solo contém vastas reservas de carbono inorgânico, desempenhando papéis cruciais no ecossistema.
- Entretanto, as mudanças ambientais têm removido esse material do solo, com consequências potencialmente devastadoras.
- Além de preservar o carbono orgânico no solo, é crucial garantir a manutenção da forma inorgânica do elemento.
Quando se trata de carbono no solo, geralmente pensamos em sua forma orgânica, proveniente de restos de animais e vegetais. No entanto, ele também está presente em forma inorgânica, nos minerais. Um novo estudo publicado na Science revelou que essas reservas inorgânicas são maiores do que se pensava e desempenham um papel significativo no ecossistema.
O carbono inorgânico assume várias formas no solo, como CO₂ dissolvido na água e em outros líquidos, mas a maioria está nos carbonatos sólidos, como o carbonato de cálcio.
A importância do carbono no solo é destacada pelas medições globais, que estimam cerca de 2,3 trilhões de toneladas de carbono inorgânico nos dois primeiros metros abaixo da superfície. Estima-se que cerca de 1% desse total, ou seja, 23 bilhões de toneladas, possa ser liberado nos próximos 30 anos, com consequências ainda mal compreendidas para a atmosfera, águas e terra.
Esses vastos reservatórios de carbono inorgânico no solo estão sujeitos a mudanças ambientais, como a acidificação do solo, que pode dissolver os carbonatos, liberando o carbono para a água ou atmosfera na forma de CO₂.
Embora anteriormente considerados processos lentos, as atividades industriais e agrícolas intensificadas têm acidificado o solo mais rapidamente, afetando negativamente sua saúde. A remoção desse material do solo pode prejudicar sua capacidade de neutralizar a acidez, regular os nutrientes, promover o crescimento das plantas e estabilizar sua forma orgânica, comprometendo funções vitais do ecossistema.
Portanto, para preservar o carbono inorgânico, os pesquisadores estão desenvolvendo estratégias como aumento da meteorização das rochas, reflorestamento e retenção do carbono na forma orgânica nos minerais do solo.