Os anticorpos sintéticos são eficazes contra a febre amarela. Um estudo realizado com a participação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) demonstrou que os compostos testados conseguiram impedir o agravamento da infecção e prevenir mortes. A pesquisa foi liderada por duas instituições americanas: Universidade de Saúde e Ciência do Oregon e Universidade George Washington. O trabalho contou também com a participação da Universidade de São Paulo, além de outras instituições internacionais.
A chefe substituta do Laboratório de Medicina Experimental e Saúde da Fiocruz, Myrna Bonaldo, informou que a próxima etapa do trabalho deve ser a fabricação de um lote de anticorpos e posteriormente a realização de testes em humanos.
“A próxima etapa consistirá em um teste clínico, aqui no Brasil, para o tratamento desses casos de febre amarela grave. Então, uma vez que a segurança e a eficácia dos anticorpos sejam comprovadas no homem, então ele vai se tornar um medicamento bem eficiente para poder evitar esses casos graves da doença”.
Segundo a cientista, os pesquisadores do IOC confirmaram que anticorpos monoclonais selecionados (aqueles utilizados para o tratamento de diversas doenças, inclusive o câncer) também são capazes de bloquear vírus da febre amarela. Myrna Bonaldo explica como esse processo ocorre.
“Essa terapia com anticorpos, ela seria empregada principalmente nos casos graves da doença, que provocam uma alta taxa de mortalidade. Você tem uma alta taxa de vírus circulando no organismo – então, quando você injeta esses anticorpos, eles se lincam nos vírus e bloqueiam a ação viral, abaixando a viremia no sangue e controlando a doença”.
Os anticorpos testados em animais foram efetivos. Todos os dez macacos tratados sobreviveram à infecção. Nenhum apresentou danos no fígado – órgão altamente afetado pelo vírus. A presença do microrganismo da febre amarela no sangue dos primatas também não foi detectável.
Os resultados indicam que os anticorpos monoclonais devem seguir para testes em seres humanos. Porém, uma das desvantagens dos anticorpos sintéticos é o alto custo.
A vacina da febre amarela é oferecida de graça pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o território brasileiro e recomendada pelo Ministério da Saúde, com primeira dose aos nove meses e reforço aos quatro anos. Todo adulto que ainda não recebeu a vacina antes dos cinco anos deve receber o imunizante.
A dose é contraindicada para quem tem alergia grave a ovo, imunidade reduzida, doenças autoimunes, está em quimioterapia, radioterapia ou em tratamento com imunossupressores.
Na última epidemia registrada no Brasil, entre 2016 e 2019, cerca de 2,2 mil casos foram registrados e 759 pessoas morreram.