A Coreia do Norte intensificou as tensões com a Coreia do Sul ao explodir trechos de estradas e ferrovias que ligavam os dois países, na terça-feira, 15 de outubro. A ação militar ocorreu em resposta ao envio de drones sul-coreanos que espalharam panfletos críticos ao regime de Kim Jong-un, exibindo o líder com um relógio de luxo. A destruição das infraestruturas foi confirmada por militares sul-coreanos, o que agrava ainda mais a já delicada situação na Península Coreana.
Essas estradas e ferrovias eram herança de momentos de tentativa de reconciliação entre os dois países, culminando numa cúpula entre os líderes coreanos em 2018, quando declararam o fim das hostilidades e o início de uma nova era de paz. No entanto, a atual atitude da Coreia do Norte reflete uma mudança radical na postura do regime. A decisão de destruir essas ligações transfronteiriças foi anunciada na semana passada, quando Pyongyang prometeu cortar completamente as conexões terrestres com o Sul e reforçar a militarização das zonas fronteiriças.
A Coreia do Sul havia investido aproximadamente 180 bilhões de wons (cerca de 132 milhões de dólares) na reconstrução dessas estradas, como parte dos esforços para promover a cooperação entre as duas nações. Com a destruição, essa tentativa de aproximação retrocede significativamente.
O estopim para a crise foi o envio de drones por parte da Coreia do Sul, que lançaram panfletos sobre Pyongyang criticando o regime comunista e expondo o estilo de vida luxuoso da elite norte-coreana. Em particular, as imagens mostravam Kim Jong-un a usar um relógio de luxo, o Swiss IWC Schaffhausen, avaliado em 13.400 dólares, o que provocou forte irritação em Pyongyang. A filha de Kim também foi alvo dos panfletos, onde aparecia vestindo uma jaqueta de couro da Dior, evidenciando o contraste entre o luxo da dinastia governante e a pobreza enfrentada pela maioria da população.
A Coreia do Norte interpretou o envio dos drones e panfletos como uma provocação política e militar, alertando que qualquer novo incidente semelhante seria tratado como um ato de guerra. O agravamento das tensões deixa a Península Coreana novamente à beira de um possível conflito armado.