Enquanto muitos países estão sofrendo os efeitos negativos do coronavírus em suas economias, o número de bilionários cresceu de forma expressiva no ano passado.
Estes dados foram levantados pela revista Forbes, que publicou a mais nova edição da lista anual das pessoas mais ricas do mundo nessa terça-feira. Dentre os bilionários, foram registradas a ascensão vertiginosa de Elon Musk e a entrada de Kim Kardashian West no ranking.
“Apesar da pandemia, foi um ano recorde para os mais ricos do mundo, com um aumento de US$ 5 trilhões (ou R$ 28 trilhões) em riqueza e um número sem precedentes de novos bilionários”, disse o editor de cobertura da revista sobre os mais ricos, Kerry A. Dolan.
Enquanto isso, o Brasil também teve aumento no número de bilionários. Eram 45, agora são 65. Os brasileiros bilionários têm patrimônio conjunto de US$ 291,1 bilhões (R$ 1,6 trilhões), contra US$ 127 bilhões (R$ 710 bilhões) no ano passado.
Para se ter ideia, os R$ 1,6 trilhões detidos pelos 65 brasileiros juntos equivalem a uma fortuna aproximadamente igual a um quinto da riqueza econômica gerada no Brasil em um ano. No ano passado, o Produto Interno Bruto do Brasil foi de R$ 7,4 trilhões.
Um detalhe interessante dessa lista de de brasileiros foi levantado pela edição brasileira da revista Forbes. Na edição americana, muitos brasileiros bilionários aparecem como estrangeiros, pois possuem domicílio fiscal no exterior. Nesse caso se enquadram o caso de Jorge Paulo Lemann e seu sócio na AB Inbev Carlos Alberto Sicupira, na Suíça; Alexandre Behring, cofundador da 3G Capital, nos EUA; Antonio Luiz Seabra, cofundador da Natura, no Reino Unido; Eduardo Saverin, cofundador do Facebook, em Singapura, e Liu Ming Chung, magnata da indústria papeleira, em Hong Kong. Todos esses são listados como brasileiros pela Forbes brasileira.
Com o falecimento do banqueiro Joseph Safra (líder entre brasileiros em 2020) e a repartição de seu patrimônio entre herdeiros, o topo da lista passou a ser ocupado agora por Lemann e família, com US$ 16,9 bilhões (R$ 94,5 bilhões) e posição 114 na lista global – um ganho de 15 posições em relação à última versão do ranking.
A seguir, entre os brasileiros, está o outro sócio de Lemann na AB Inbev, Marcel Herrmann Telles (US$ 11,5 bilhões, ou R$ 64,3 bilhões, em 191º na lista global) e Jorge Moll Filho e família (US$ 11,3 bilhões, ou R$ 63,2 bilhões, em 194º).
A lista tem dois novatos: o colombiano David Vélez, cofundador do Nubank (banco com maior parte das suas operações no Brasil), com US$ 5,2 bilhões (R$ 29 bilhões), e Guilherme Benchimol, fundador da XP, com patrimônio estimado em US$ 2,6 bilhões (R$ 14,5 bilhões).
Se for analisada a lista global, o número de pessoas com fortuna de US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bi) ou mais na lista anual da Forbes teve crescimento sem precedentes: 2.755 em 2021, 600 a mais que um ano atrás. Em conjunto, eles acumulam fortuna estimada em US$ 13,1 trilhões (R$ 73 trilhões), contra US$ 8 trilhões (R$ 44 trilhões) na lista de 2020.
A lista mostra que 86% deles ficaram mais ricos em meio à crise do coronavírus. Além disso, a Forbes enfatiza que há 493 novos nomes em sua lista de 2021, “cerca de um novo bilionário a cada 17 horas”, incluindo 210 da China e 98 dos Estados Unidos.
O fundador da Amazon, Jeff Bezos, é o homem mais rico do mundo pelo quarto ano consecutivo, com uma fortuna estimada em US$ 177 bilhões (quase R$ 1 trilhão), um aumento expressivo em relação ao ano anterior, graças à valorização das ações de sua empresa. Em seguida, a grande surpresa da lista: o salto de Elon Musk do 31º lugar em 2020 para o 2º este ano.
Na lista do ano passado, a Forbes o colocou com fortuna estimada em US$ 24,6 bilhões (R$ 137 bi). Em 2021, esse número sobe para US$ 151 bilhões (R$ 844 bi). “O principal motivo: um aumento de 705% nas ações da Tesla [sua empresa de veículos elétricos]”, pondera o editor da revista.
O francês Bernard Arnault completa as 5 primeiras posições, com um império familiar de 70 marcas como Louis Vuitton e Sephora. Ele é seguido pelo fundador da Microsoft, Bill Gates, e pelo criador do Facebook, Mark Zuckerberg. Logo atrás vem o investidor de sucesso Warren Buffet; o presidente da Oracle, Larry Ellison; o ex-CEO e ex-presidente, da Alphabet (do Google), Larry Page e Sergey Brin; e Mukesh Ambani, presidente da Reliance Industries.
A primeira mulher na lista aparece na posição 17: é Alice Walton, apresentada pela Forbes como a única filha do fundador do Walmart, embora ela destaque que, ao contrário de seus irmãos, se dedicou à curadoria de arte e é presidente do Crystal Bridges Museum da arte americana. Depois dela, MacKenzie Scott, escritora e ex-esposa de Jeff Bezos, aparece na posição 22.
Celebridade reconhecida mundialmente, a estrela americana de reality shows Kim Kardashian West, que se tornou oficialmente bilionária. A lista estima que a fortuna dela atingiu US$ 1 bilhão, ante US$ 780 milhões (R$ 4,3 bilhões) em outubro passado, graças a dois negócios lucrativos – KKW Beauty e Skims – além de sua renda com televisão e outros investimentos.
Em 2021, a Forbes incluiu 51 latino-americanos em sua lista, incluindo o magnata das telecomunicações Carlos Slim e sua família, que ocupava o 16º lugar entre os mais ricos do mundo. A revista acredita que o patrimônio do mexicano seja de US$ 62,8 bilhões (R$ 351 bilhões), ante US$ 52,1 bilhões (R$ 291 bilhões) um ano antes. No entanto, Slim caiu quatro posições, já que na lista de 2020 ocupava a décima segunda posição.
O segundo lugar dos latino-americanos mais ricos é ocupado por outro mexicano, Germán Larrea Mota Velasco, na posição 61, tendo subido da posição 118 que ocupava em 2020. Ele é dono da maior parte da maior mineradora de cobre de seu país, o Grupo México, que também tem operações no Peru e nos EUA, diz a Forbes. A fortuna dele passou de US$ 11 bilhões (R$ 61,5 bilhões) em 2020 para US$ 25,9 bilhões (R$ 144 bilhões) neste ano.
Atrás deles, na posição de número 74, aparece a chilena Iris Fontbona e sua família, cuja fortuna também disparou no ano passado: passou de US$ 10,8 bilhões (R$ 60,38 bilhões) nas estimativas da Forbes em 2020 para US$ 23,3 bilhões (R$ 130 bilhões) hoje. Ela herdou o império de mineração e bebidas de seu marido, Andrónico Luksic, falecido em 2005.