O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse nessa sexta-feira (25), na Câmara dos Deputados, que a entrada de novos concorrentes no segmento de refino de petróleo pode reduzir o preço do combustível para o consumidor. A companhia decidiu vender oito refinarias, entre outros ativos, para gerar caixa e diminuir a sua dívida, que encerrou o ano de 2020 em 75,5 bilhões de dólares (valor bruto).
“Como há várias empresas fazendo concorrência, entendemos que esse preço vai baixar”, disse Luna. Ele foi ouvido pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, onde tratou de temas como política de preços dos derivados e plano de desinvestimento da companhia.
Luna disse aos deputados que a própria Petrobras, que vai preservar cinco refinarias, será uma das concorrentes dos novos controladores das unidades vendidas. Uma delas, a Refinaria Landulpho Alves, localizada no Recôncavo Baiano, foi negociada com um fundo de investimentos árabe (Mubadala Capital) por 1,65 bilhão de dólares.
Preço do combustível
Ele afirmou também que a gasolina sai a R$ 1,90 das refinarias da companhia, em dados de abril e maio. Ao chegar na bomba, o preço embute outros valores, como tributos e lucros do revendedor. “A maior parte do preço é feita fora [da estatal]. A Petrobras não interfere nesse valor”, afirmou.Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Durante o debate, diversos parlamentares criticaram o custo atual dos combustíveis para os consumidores. Um deles foi o deputado Rogério Correia (PT-MG), que solicitou a audiência pública. “Hoje temos um preço da gasolina que já bate os seis reais. É um preço altíssimo em relação ao que a população estava acostumada”, afirmou.
Venda de ativos
Os deputados também questionaram a decisão da Petrobras de se desfazer dos seus ativos. O presidente da estatal afirmou que o plano de desinvestimento é uma necessidade para reduzir o passivo financeiro. A meta é fechar este ano com dívida bruta de 67 bilhões de dólares.
Luna disse que o elevado endividamento e a crise provocada pela Operação Lava Jato, que investigou desvios de dinheiro na companhia, fizeram a estatal passar “pelo vale da morte”. “Em função das suas dívidas, nós tínhamos que fazer uma escolha: falir ou então fazer uma seleção da frente onde queríamos atuar. Então, optamos por sair de algumas áreas”, afirmou.
O plano estratégico da empresa para os anos de 2021 a 2025, aprovado em novembro do ano passado, decidiu focar nas áreas de exploração e produção de petróleo e nas refinarias de melhor logística, que produzirão combustível com menor teor de enxofre. São elas: as refinarias Presidente Bernardes, Henrique Lage, Paulínia e Capuava, em São Paulo, e Duque de Caixas (RJ).Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Repercussão
A medida gerou controvérsia na audiência. O deputado Sanderson (PSL-RS), que representou o governo no debate, disse que a Petrobras está focando seus esforços no que faz melhor, que é a exploração e produção de petróleo em águas profundas. “Teremos com certeza uma empresa hígida financeiramente”, afirmou.
Já o deputado Paulo Ramos (PDT-RJ) criticou o plano de desinvestimento, que segundo ele compromete a soberania nacional. “Não é desinvestimento, é privatização, é desnacionalização, é entrega do patrimônio nacional, é crime de lesa-pátria”, afirmou. Crítica semelhante foi feita pelos deputados Joseildo Ramos (PT-BA), Érika Kokay (PT-DF) e Helder Salomão (PT-ES).
O deputado Christino Aureo (PP-RJ), que coordena a Frente Parlamentar para o Desenvolvimento Sustentável do Petróleo e Energias Renováveis (Freper), não criticou as medidas tomadas pela companhia, mas manifestou preocupação com o impacto delas na economia. “A preocupação é se essa realocação dos investimentos da Petrobras terá impacto negativo no desenvolvimento das regiões. Se essa realocação de investimento corre o risco de provocar desemprego”, disse Aureo.
Fonte: Agência Câmara de Notícias