Investir tempo e dinheiro na criação de um negócio próprio está longe de ser uma tarefa fácil. Além de disposição e dedicação, é preciso habilidade para lidar com pessoas, coragem para inovar e força para enfrentar os inevitáveis obstáculos. Para completar, em muitos casos nem toda essa combinação de aptidões é suficiente para garantir que o empreendimento dará certo.
Assim, no fim das contas, a divisão de sonhos, responsabilidades e tarefas com pessoas próximas pode ser a melhor equação para fazer com que o projeto seja bem-sucedido. Ou, muitas vezes, a inspiração para o sucesso pode vir de alguém bem próximo. Não à toa o mundo do empreendedorismo está repleto de parcerias entre diferentes gerações de uma mesma família. No Dia das Mães, conheça algumas parcerias de sucesso entre mães e filhos no mundo dos negócios.
Instituto Gourmet: o poder transformador da educação
A bióloga Silvia Regina Barreto Marcel da Fonseca, 60 anos, acredita no poder da educação para a transformação do mundo. Teve diferentes ocupações ao longo da vida, entre elas uma escola de informática própria, aberta há 14 anos. O curso chegou a ter duas unidades, com 1.200 alunos no total, e seu filho, Rafael Barreto Marcel da Fonseca, trabalhou com Silvia por alguns anos.
Mas o rendimento do negócio começou a cair. Então, Silvia e Rafael, que é formado em Marketing, começaram a procurar por novas oportunidades de investimento. Nesse período, Silvia conheceu e conversou com um franqueado do Instituto Gourmet, rede de ensino profissionalizante de gastronomia, e se interessou pelo negócio.
Após seis meses de muito “namoro” com a marca, ela e Rafael decidiram arriscar e abrir uma unidade da rede em São João de Meriti, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em maio de 2018. O empreendimento foi um sucesso e, pouco mais de um ano depois, em julho de 2019, a família abriu outra unidade na Capital, em Copacabana.
Para Silvia, é um orgulho ter como parceiro de negócios o próprio filho, hoje com 35 anos. “Normalmente, dizem que é uma geração para construir e uma geração para destruir, mas no meu caso sou muito feliz porque é ao contrário: o meu filho está me ajudando a aumentar o que a gente tem. O Rafael é um profissional muito comprometido e empenhado, e isso é muito gratificante para mim.”
Silvia sempre gostou muito de cozinhar, mas nunca chegou a fazer disso uma fonte de renda. O que a atraiu no Instituto Gourmet foi o modelo de negócio e a oportunidade de transformar vidas por meio do ensino de gastronomia. Segundo ela, a pandemia afetou ligeiramente o faturamento dos negócios, mas o crescimento deve ser retomado em breve: uma terceira unidade da rede já foi adquirida por ela, Rafael e sua outra filha, Bárbara Barreto Marcel da Fonseca, e será inaugurada em Campos dos Goytacazes em maio. A média de faturamento mensal das duas franquias de Silvia, juntas, é de R$ 290 mil.
Seu conselho para quem é mãe e busca mudar de carreira, abrindo um novo negócio, é não deixar que o medo impeça de aproveitar uma boa oportunidade. “Às vezes, a dúvida faz a gente perder o ‘cavalo arriado’ que passa e você não pega. Não pode ter medo. Se achar que o negócio é bom, tem que investir. Não dá para ficar parado, hoje em dia o mundo dos negócios roda muito rápido.”
Clube Debora Bertti: nome em homenagem à filha
Na infância, quando confeccionava roupas de bonecas com retalhos, Vera Frauzino não imaginava que um dia seria a responsável por criar os sapatos expostos nas vitrines das lojas da sua marca, Clube Debora Bertti, nome que homenageia sua filha.
Inspirados no mercado europeu, os modelos exclusivos e fabricados pela própria marca não conquistaram apenas clientes, mas empreendedores que escolheram a rede para investir e se tornar franqueados. E, mesmo em um cenário não tão favorável, a rede saltou de nove para 14 unidades.
Em 2020, logo após ter firmado parceria com os irmãos Leandro e Leonardo Castelo, fundadores da 300 Franchising – hoje a maior aceleradora de franquias do Brasil – e ingressado no segmento de franchising, três lojas da rede fecharam por conta dos decretos governamentais. “Para esse momento não ser ‘em vão’, os espaços passaram por reformas”, ressalta Vera. “Com apenas seis lojas funcionando, alcançamos um faturamento de R$ 5,9 milhões.”
Acompanhando os passos da mãe desde a fundação da loja, em 2000, a administradora Debora Bertti não está presente apenas no nome da marca. Atualmente, ela ocupa o cargo de CEO e está à frente das estratégias para manter um bom índice de vendas, mesmo durante a pandemia.
Para 2021, a meta que a empresária traçou junto à 300 Franchising é desafiadora: uma média de cinco unidades vendidas nos próximos nove meses, atingindo um faturamento de R$ 10 milhões até o final do ano. “Não tenho dúvida de que essa parceria com a 300 Franchising será promissora”, acredita Debora. “Estamos preparados para superar concorrentes. Nos próximos cinco anos, seremos 300 lojas, com um faturamento mensal de R$ 250 milhões.”
A seu favor, a rede conta com o momento positivo do segmento. Segundo o relatório anual da Associação Brasileira do Franchising (ABF), o desempenho do setor de moda no franchising no último ano também se destacou, ocupando o quarto maior faturamento, somente atrás de alimentação, saúde e beleza e serviços.
Essa performance chamou a atenção dos irmãos Castelo. Os empresários que também são fundadores da Ecoville e Empreendedores do Ano pela Endeavor, são conhecidos no setor por acelerar franquias com bom potencial de expansão. “O setor calçadista está com previsão de 19% de crescimento e pronto para recuperar qualquer prejuízo de 2020. Aliado a essa projeção, acreditamos que o Clube Debora Bertti tem as competências que tanto o consumidor final quanto o franqueador buscam: produtos de qualidade, um nome consagrado e modelos de negócio consistentes”, explica Leandro.