A Volkswagen enfrenta uma crise significativa que pode levar ao fechamento de suas fábricas na Alemanha, conforme anunciado pelo diretor financeiro da montadora, Arno Antlitz. Em uma recente reunião com cerca de 25 mil trabalhadores na cidade de Wolfsburgo, Antlitz reiterou a necessidade urgente de cortar custos e ajustar a produção para enfrentar a queda na demanda, que reduziu a necessidade de cerca de 500 mil veículos – o equivalente à produção de duas fábricas.
O CEO Oliver Blume destacou que a pressão financeira sobre a Volkswagen aumentou, particularmente devido à diminuição dos lucros no mercado chinês. Essa situação reflete um desafio mais amplo enfrentado por gigantes automotivos europeus, como Stellantis e Renault, que estão lidando com altos custos de mão de obra e energia, além da concorrência de fabricantes asiáticos de menor custo.
Durante a reunião, marcada por protestos e gritos de “auf Wiedersehen” (adeus, em tradução do alemão), Daniela Cavallo, chefe do conselho de trabalhadores, criticou a administração da Volkswagen, acusando-a de “danificar massivamente a confiança”. Os sindicatos, liderados pelo IG Metall, estão preparados para enfrentar o possível fechamento das fábricas com greves e outras ações, mantendo suas demandas salariais.
Axel Wenzlaff, um trabalhador com 38 anos de serviço na fábrica, expressou a preocupação generalizada entre os funcionários, afirmando que “as pessoas estão com medo de ser demitidas e perder suas casas”.
A situação é complicada ainda mais pela decisão controversa da Volkswagen de investir € 5 bilhões em uma parceria com a startup norte-americana Rivian, o que tem gerado críticas por desviar recursos que poderiam ser usados para proteger empregos na Alemanha.
O governo alemão também está envolvido na crise, com o chanceler Olaf Scholz e o ministro do Trabalho, Hubertus Heil, prometendo apoio à Volkswagen. A montadora, que também é proprietária das marcas Audi, Seat e Skoda, estabeleceu uma meta de margem de lucro de 6,5% até 2026, como parte de sua estratégia para reverter a atual situação financeira.
A Volkswagen terá um período de um a dois anos para reverter essa situação crítica e evitar o fechamento das fábricas, uma medida que teria impactos profundos tanto para a empresa quanto para a economia local.