O Dia Internacional da Mulher é uma data comemorativa que foi oficializada pela Organização das Nações Unidas na década de 1970. Essa data simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens. Inicialmente, essa data remetia à reivindicação por igualdade salarial, mas, atualmente, simboliza a luta das mulheres não apenas contra a desigualdade salarial, mas também contra o machismo e a violência. Neuropsicóloga Leninha Wagner promove uma reflexão sobre este novo papel da mulher no início da terceira década do século XXI.
Dia 8 de março se celebra o Dia Internacional da Mulher. Mas, o que deve ser colocado em pauta como reflexão em uma data tão importante? Segundo a neuropsicóloga Leninha Wagner, “ainda hoje a violência contra a mulher segue fortemente enraizada em uma cultura, fundamentada no conceito de propriedade privada. Quando os homens constituem família, tornando-se pais, eles querem ter certeza de que seus herdeiros são ‘legítimos’, que carregam em seu DNA a carga genética deles, a partir dessa ideia, as mulheres tornaram-se propriedade privada de seus parceiros”, destaca.
Leninha lembra que neste contexto deve-se observar alguns aspectos fundamentais: ‘Sendo toda relação, uma relação de poder, os homens migraram esse poder para o físico, psicológico e sexual. Muitas vezes usando de violência e opressão para manter sua propriedade, legitimando isso ao sentimento denominado amor”, explica.
Por isso, a neuropsicóloga lamenta que “não é raro encontrar mulheres oprimidas, vivendo relações tóxicas, abusivas, onde há sequestro da subjetividade. Onde o outro perde o que lhe caracteriza de fato, sua identidade, onde seus traços de personalidade começam a ser apagados. Para que o parceiro sinta-se seguro de sua ‘propriedade’. Essa relação vai tornando-se de tal forma adoecida, que perde-se as fronteiras de si e do outro. Vivendo a relação de forma simbiótica e adoecida”, acrescenta.
Em pleno ano de 2021, uma das reflexões de Leninha Wagner é reforçar que as mulheres modernas não se submetem mais ao homem com comportamento retrógrado e ultrapassado. “O machismo não tem mais lugar na mente de mulheres que estudam, têm competência, desenvolvem atividades laborais antes inimagináveis no nicho feminino. O mundo é feminino, as mulheres ganharam espaço estatístico, são em maior número. Aprenderam a trabalhar em equipe e a se defenderem de ataques de ordem da violência e do assédio. Quando uma é vítima, todas são suas defensoras. Pois sabem que quando silenciam as dores de uma, culpabilizando-a, todas se fragilizam podendo ser a próxima vítima”, ressalta.
E o que acontece com os homens neste cenário? Leninha salienta que eles ainda tentam ludibriar a passagem do tempo se posicionando de forma inflexível, essa nova sociedade composta pela forma e visão do feminino. “Mas as mulheres avançaram e aprenderam a se posicionar. Indicando o caminho que a relação deve tomar. Assumem o controle, criando uma nova rotina, onde elas estabelecem de forma real o seu desejo. A dependência financeira não existe mais, a cognitiva nunca foi uma realidade, e a força de exercer sua potência em doação, cuidados e carinhos sempre foi a maior arma do ‘sagrado feminino’, define a neuropsicóloga.
Neste período houve também transformações na forma das mulheres lidarem com essas questões. “As mulheres de forma intuitiva, aprenderam a amar com responsabilidade, sem querer aprisionar algo arisco e fugidio como a paixão, a beleza ou a vitalidade. Sabem que a alquimia dos sentimentos se faz necessária para a travessia do ciclo vital. A transformação emocional, é inerente ao humano que se propõe atingir a profundidade de uma relação que se desenvolve no tempo cronológico”, reforça Leninha.
“Os tempos são outros, as mulheres são novas e os homens precisam se reconfigurar para aprenderem a usar da igualdade de direitos, tanto no universo profissional, nas tarefas domésticas como na forma de se relacionar romântica e sexualmente. As mulheres não querem mais um amor que faça sentido, querem um amor que as faça sentir, amadas em sua essência feminina, pois o amor não se constrói nas datas e sim no dia a dia”, finaliza.