O ditador Nicolás Maduro enfrenta um cenário complicado na Venezuela, marcado por alegações de fraude nas eleições de 28 de julho, quando o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado com o governo, declarou sua reeleição para um terceiro mandato. A oposição, entretanto, argumenta que Edmundo González, da Plataforma Unitária, foi o candidato mais votado, apontando falta de transparência e a suspensão de auditorias como sinais de irregularidades.
De acordo com a professora Regiane Nitsch Bressan, da Universidade Federal de São Paulo e especialista em Relações Internacionais, a situação na Venezuela é um reflexo das rivalidades geopolíticas envolvendo os Estados Unidos, China e Rússia. Enquanto os EUA pressionam por uma transição política e a restauração da democracia no país, China e Rússia vêem a Venezuela como uma peça estratégica em seu tabuleiro geopolítico.
“China e Rússia apoiam Maduro economicamente e militarmente para garantir acesso a recursos naturais e consolidar sua influência na América Latina, desafiando a hegemonia norte-americana,” explicou a especialista. Ela destacou que Maduro se mantém no poder aproveitando-se do suporte dessas potências e de sua lealdade militar interna, além da fragmentação da oposição.
Embora o governo de Maduro busque projetar uma imagem de legitimidade e soberania, ele enfrenta críticas por sua subordinação a interesses estrangeiros, especialmente de China e Rússia. Segundo Bressan, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) enfrentam dificuldades para forçar a saída de Maduro devido a limitações de soberania nacional e falta de consenso entre os membros.
“A ONU pode intensificar pressões diplomáticas e sanções, mas a oposição de países no Conselho de Segurança, como China e Rússia, limita sua eficácia. A OEA, por sua vez, tem promovido resoluções contra o regime, mas sua influência diminuiu na América Latina, e a coordenação com a ONU poderia enfraquecer Maduro, mas não garantir sua saída imediata,” concluiu a professora.