O jornal Folha de S.Paulo publicou um editorial nesta quarta-feira, 7, criticando as declarações de Luiz Inácio Lula da Silva contra o Banco Central. O texto aponta que as críticas do presidente criam receios de uma maior tolerância com a inflação, especialmente com a iminente troca de comando da autarquia. A Folha destaca que, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, o Banco Central decidiu manter a Selic em 10,50% ao ano, reiterando sua disposição para aumentar a taxa de juros se necessário para controlar a inflação. A unanimidade do comitê, composta em parte por diretores indicados por Lula, demonstra um compromisso com o controle da inflação, mesmo que isso implique sacrifícios econômicos.
O editorial destaca que, apesar de a elevação dos juros ser uma medida indesejável devido aos riscos para a economia, o sinal de compromisso com o controle da inflação é positivo. No entanto, o jornal alerta que, com Lula ainda tendo que indicar mais dois membros para o comitê até o final do ano, seus escolhidos terão a maioria na cúpula do Banco Central em menos de cinco meses. O cenário econômico adverso, com altas dos juros norte-americanos e do dólar, pressiona os preços internos e complica o controle da inflação.
A Folha sugere que Lula deveria adotar medidas fiscais mais robustas e nomear indivíduos com sólida reputação para o Banco Central. O jornal espera que, com mais da metade do mandato presidencial ainda por cumprir, a atual situação inspire uma maior prudência por parte do presidente.