O número de casos confirmados de dengue apresentou uma redução de 70% em Manaus (AM), em 2022, na comparação com o ano anterior. Os dados foram apresentados pela Secretaria de Saúde do município (Semsa), e seguem uma direção contrária ao cenário nacional, no qual o registro é de aumento de casos no mesmo período.
De acordo com dados da Semsa, 3.808 casos de dengue foram confirmados em 2021, número que caiu para 1.153 em 2022. Em relação aos casos notificados, a redução foi de 64% no mesmo período, diminuindo de 5.780 para 2.092.
O trabalho de redução do número de casos em Manaus se deu com a integração de várias ações de enfretamento, com parcerias entre órgãos públicos, ações educativas e a ajuda da população.
Entre as ações de combate ao mosquito, o chefe da Divisão de Controle de Doenças Transmitidas por Vetores, Alciles Comape, destaca a implementação do programa 10 minutos contra o Aedes. “Os agentes de endemias, ao fazerem a visita, explicam para as pessoas como cuidar dos seus ambientes, tirando 10 minutinhos do seu tempo, uma vez na semana, para fazer uma inspeção como se fosse um agente de endemias eliminando esses criadores, guardando pneus em locais de abrigo que não fiquem expostos na chuva”, explica.
Alciles ainda informou que houve a realização do Levantamento de Índice Rápido para o Aedes aegypti (LIRAa) em 2022, que possibilitou um mapeamento dos bairros que apresentavam maior risco de infestação. “Nós mandamos nossas equipes para fazer intervenção, fazer bloqueio de casos, visitar casa por casa, para destruir os criadores, fazer tratamento, fazer o trabalho de educação em saúde”, aponta.
Ao contrário de Manaus, a situação nos outros estados do Brasil é preocupante. O número de óbitos pela doença, em 2022, teve o maior crescimento da história. Foram 1.016 óbitos por dengue, segundo o último boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.
Entre os estados, São Paulo foi o que registrou o maior número de vítimas: 282. Aparecem em seguida Goiás (162), Paraná (109), Santa Catarina (88) e Rio Grande do Sul (66). Ao todo, foram 1.450.270 casos prováveis, sendo 1.473 graves e 18.145 com sinais de alarme.
Segundo a médica infectologista do Centro de Especialidades de Doenças Infecciosas do Distrito Federal, Joana D’arc Gonçalves, o aumento de número de casos de dengue está associado a vários fatores, inclusive à pandemia. “A Covid acabou levando toda a atenção e houve uma diminuição nas campanhas de promoção e prevenção de saúde com relação às outras doenças. Nos últimos meses, as chuvas têm sido intensas em todo o país e isso leva a um aumento dos reservatórios e das possibilidades de locais de replicação do vetor, do mosquito”, explica.
Para a infectologista, o trabalho de conscientização e de prevenção é contínuo. “É um trabalho ininterrupto, porque se eu faço toda a coleta adequada dos resíduos, a fiscalização na época de seca, se fiscalizo os terrenos onde tem a possibilidade de proliferação do vetor, se as medidas de vigilância funcionam na seca, na chuva, a gente não vai ter dengue, então esse monitoramento é permanente”, diz.
Vacina contra Dengue
Atualmente, existe no mercado particular uma vacina contra dengue do laboratório Sanofi, porém, ela só pode ser aplicada em pessoas que já tiveram a doença. Outros dois imunizantes estão em fase de desenvolvimento: o da Takeda, que submeteu o pedido de registro à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2021, e o do Butantan, ainda em fase de testes.