Nas últimas semanas, o Brasil tem enfrentado um aumento significativo no número de queimadas, especialmente em áreas como a Amazônia, o Pantanal e o estado de São Paulo, que registrou níveis recordes de incêndios. Essas queimadas resultaram em grandes nuvens de fumaça que cobriram boa parte do território nacional, afetando não só dez estados brasileiros, mas também países vizinhos como Bolívia, Peru e Paraguai. Segundo o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), essa situação colocou o Brasil como o quinto país com o ar mais poluído do mundo no último dia 15, de acordo com o monitoramento realizado pela plataforma internacional World’s Air Quality Index (WAQI).
Um dos efeitos mais visíveis da fumaça das queimadas é a alteração da cor do Sol, que tem sido observado com uma tonalidade laranja intensa, quase vermelha. De acordo com o professor de química Reinaldo Bazito, da Universidade de São Paulo (USP), esse fenômeno é causado pela presença de partículas na fumaça, que dispersam a luz de forma diferente. Essas partículas, chamadas de micropartículas, são um dos principais produtos das queimadas e representam um perigo significativo para a saúde humana, pois podem ser inaladas e penetrar profundamente nos pulmões, causando problemas respiratórios. Para evitar a inalação dessas partículas, o uso de máscaras é uma medida recomendada.
Além das micropartículas, as queimadas liberam outros compostos nocivos, como os óxidos de nitrogênio. Segundo Bazito, o calor gerado durante as queimadas pode reagir com o nitrogênio presente no ar, formando óxidos de nitrogênio que são conhecidos por irritar as vias respiratórias. Esses compostos também contribuem para a formação do ozônio troposférico, um poluente com alto poder oxidativo que pode danificar as plantas e afetar a saúde humana. Outro gás produzido durante as queimadas é o monóxido de carbono (CO), que, quando inalado, pode interferir no transporte de oxigênio pelo corpo, tornando-se potencialmente fatal em concentrações elevadas.
A presença de enxofre na fumaça das queimadas também é preocupante, pois o dióxido de enxofre (SO₂) liberado pode se transformar em ácido sulfúrico ao entrar em contato com a água, resultando em chuvas ácidas. Essas chuvas alteram o pH da água e podem causar corrosão em construções e danos às plantas. O risco de chuvas ácidas aumenta com a quantidade de fumaça e gases emitidos, que são “limpos” pela precipitação.
Os impactos das queimadas não se limitam apenas à qualidade do ar e à saúde humana. Em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, a prefeitura decidiu suspender as aulas na rede municipal e cancelar eventos ao ar livre devido ao avanço dos focos de incêndio e à intensa presença de fumaça na região. Essa medida demonstra a gravidade da situação e a necessidade de ações preventivas para proteger a população.
Além de afetar diretamente a saúde das pessoas, as queimadas contribuem para a degradação do meio ambiente e aumentam a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, exacerbando a crise climática global. Diante disso, especialistas e autoridades recomendam o uso de máscaras em áreas afetadas, a suspensão de atividades ao ar livre quando a fumaça for intensa, e a implementação de políticas rigorosas para prevenir e controlar as queimadas, garantindo a proteção da saúde pública e do meio ambiente.