Pesquisadores e especialistas das áreas de saúde, economia e políticas públicas estão pedindo para que o Brasil entre em um lockdown de três semanas durante o mês de abril. Eles argumentam que essa medida tem o objetivo de frear a escalada de casos de covid-19 no país. Eles projetam que com essa medida seria possível salvar 22 mil vidas que morreriam pela doença no período sem a medida.
O documento foi encaminhado ao presidente Jair Bolsonaro, governadores e prefeitos nessa quinta-feira. Eles alegam como justificativa que o Brasil já ultrapassou as 300 mil mortes pela doença, além da sobrecarga dos sistemas de saúde para atender os infectados.
A proposta também sugere que o governo pague um auxílio emergencial durante o mês para a população e microempresários, como forma de apoio durante o isolamento.
Sobre os valores deste auxílio, os pesquisadores consideraram a média para cesta básica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A entidade leva em conta todos os itens de sustento, como gastos com transporte. Por exemplo, em São Paulo, por exemplo, o valor estimado em fevereiro, seria de R$ 640. Para micro e pequenos empresários, a sugestão é de R$ 1 mil.
Um dos pesquisadores que assinou o documento é o professor de economia e gestão pública da Fundação Getúlio Vargas, Nelson Marconi. Ele acredita que o isolamento rígido por três semanas terá o mesmo impacto econômico de isolamentos mais brandos ao longo de meses. “O Instituto Fiscal Independente (IFI) projeta que, com uma redução significativa de 80%, haverá uma perda no PIB de 1% ao ano. Se fizer distanciamento ou redução em 25%, terá o mesmo efeito, além de não ter o impacto positivo do lockdown sobre a transmissão do vírus”, explica.
Em resposta ao documento, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) afirma que o conteúdo do documento traz informações técnicas e científicas importantes, e deve ser considerado pela federação no enfrentamento à pandemia. Os pesquisadores também ressaltam a importância de uma coordenação nacional sobre o tema. “Prefeitas e prefeitos estão abertos, como sempre estiveram, a se reunir com os governadores e a Presidência da República para trabalhar nesse tema”, diz trecho da nota.