O transtorno obsessivo-compulsivo é caracterizado por obsessões, compulsões ou ambas. As obsessões são ideias, imagens ou impulsos recorrentes, persistentes, indesejados, que provocam ansiedade e são intrusivos. As compulsões (também conhecidas como rituais) são determinadas ações ou atos mentais que a pessoa se sente impelida a praticar para tentar diminuir ou evitar a ansiedade causada pelas obsessões.
A maioria dos casos de pensamentos e comportamento obsessivos-compulsivos está relacionada a preocupações com danos ou riscos. O médico diagnostica o transtorno quando a pessoa tem obsessões, compulsões ou ambas. O tratamento pode incluir terapia de exposição (com prevenção de rituais compulsivos) e determinados antidepressivos (inibidores seletivos de recaptação da serotonina ou clomipramina).
O médico Vital Fernandes Araújo, pós-graduado em Psiquiatria, reforça que o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um pouco mais frequente em mulheres que em homens e afeta entre 1% e 2% da população. Em média, o TOC tem início entre os 19 e 20 anos de idade, porém, mais de 25% dos casos começam antes dos 14 anos de idade (consulte também Transtorno obsessivo-compulsivo em crianças e adolescentes). Até 30% das pessoas com TOC têm ou já tiveram um transtorno de tique.
“O TOC é diferente dos transtornos psicóticos, que são caracterizados pela perda do contato com a realidade, embora em uma pequena minoria dos casos de TOC a percepção esteja ausente. O TOC também é diferente do transtorno de personalidade obsessiva-compulsiva, embora pessoas com esses transtornos possam apresentar as mesmas características, como ser metódico, confiável ou perfeccionista”, mencionou.
“A pessoa com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) tem obsessões – pensamentos, imagens ou impulsos que ocorrem frequentemente, mesmo que ela não queira. Essas obsessões surgem mesmo quando a pessoa está pensando e fazendo outras coisas. Além disso, as obsessões normalmente causam grande angústia e ansiedade. As obsessões normalmente envolvem pensamentos de dano, risco ou perigo”, emendou.
Para ele, a maioria dos rituais, como lavar as mãos com muita frequência ou verificar repetidamente se a porta está trancada, pode ser observada. Outros rituais não podem ser observados, como o cálculo repetitivo ou afirmações em voz baixa com a intenção de diminuir algum perigo.
“Os rituais podem ser realizados de forma precisa de acordo com regras rígidas. Os rituais podem ou não estar logicamente conectados com a obsessão. Quando as compulsões estão logicamente conectadas à obsessão (por exemplo, tomar banho para evitar ficar sujo ou verificar o fogão para evitar incêndios), elas são claramente excessivas. Por exemplo, é possível que a pessoa tome banho durante muitas horas todo dia ou verifique o fogão trinta vezes antes de sair de casa. Todos os rituais e obsessões exigem tempo. É possível que a pessoa gaste horas todos os dias dedicada a eles. Eles podem causar tanta angústia ou interferir tanto com a capacidade funcional da pessoa que algumas chegam a ficar incapacitadas”, explicou.
Sobre os tratamentos, Vital explica que terapia de exposição e de prevenção de rituais e determinados antidepressivos. “A terapia de exposição e de prevenção de rituais (resposta), um tipo de terapia cognitivo-comportamental, costuma ser eficaz no tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo. A terapia de exposição consiste na exposição gradativa e repetida da pessoa àquilo (situações ou pessoas) que desencadeia as obsessões, rituais ou desconforto ao mesmo tempo em que se pede a ela que não realize o ritual compulsivo (terapia de prevenção de ritual). O desconforto ou a ansiedade diminuem gradativamente durante a exposição repetida, na medida em que a pessoa passa a reconhecer que a realização de rituais é desnecessária para a redução do desconforto. A melhora geralmente persiste por anos, provavelmente porque as pessoas que dominam essa abordagem conseguem continuar a praticá-la após o tratamento formal ter sido concluído. A terapia cognitiva costuma ser administrada concomitantemente à terapia de exposição e de prevenção de rituais”, disse.
“Os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (por exemplo, fluoxetina), que são um tipo de antidepressivo, e a clomipramina, que é um tipo de antidepressivo tricíclico, costumam ser eficazes. Muitos especialistas supõem que uma associação entre a terapia de exposição e de prevenção de rituais e a farmacoterapia seja o melhor tratamento”, finalizou.