Basta abrirmos o Instagram para verificar que muitos perfis oferecem soluções instantâneas e todo tipo de ‘atalhos’. Seja para vender mais, ter mais seguidores, aprender e dominar um idioma de modo simples e com poucas horas de estudo, dominar uma técnica culinária, aprender a tocar um instrumento, e diversas outras pseudo oportunidades.
Segundo a especialista Sandra Raphael, há uma ideia extremamente perigosa e errônea de que a chamada ‘geração digital’ não precisa estudar, que não faz diferença ter ou não um curso superior, que o dinheiro, a fama e o sucesso chegam e que o saber, o conhecimento, os anos de estudo, as técnicas, as referências internacionais são sacrifícios desnecessários para atingir esse patamar do suposto ‘sucesso’.
“Tenho ouvido muitos jovens afirmarem que suas inspirações profissionais e suas ideias de vida e trabalho são os raríssimos casos dos que se tornam milionários antes dos 30 anos. O digital trouxe uma ideia de que poucas habilidades e quase nenhum conhecimento, com sorte e uma imagem bem trabalhada serão condições suficientes para atingir o sucesso, a fama e a riqueza. Mas aí fica a pergunta: será mesmo?”, questionou.
“Quantos anos um cirurgião deve estudar para atingir a excelência em sua profissão?”, emendou.
Sandra citou também outros exemplos como o de um ginasta olímpico, que treina cerca de 8 a 10 horas por dia, anos e anos para alcançar a perícia e o domínio do seu corpo.
“Poderia continuar uma lista infindável de profissões e profissionais de referência que atingiram o sucesso após muitos anos, muitos estudos, dedicação, foco e disciplina. Mas é comum observar jovens com menos de 25 anos frustrados e de mal com a vida por não terem um belo apartamento, carro de luxo, dinheiro para todas as suas vontades, viagens e roupas de marca”, completou.
Desse ponto, A especialista fez outro questionamento: onde foram buscar a ideia de que com essa idade teriam acesso e que podem se comparar aos que conseguiram algumas dessas coisas materiais após os 50 anos, após uma vida inteira de dedicação e esforços imensos?
“Por isso é preciso alerta-los de que não existem atalhos. Os crescimentos virais e exponenciais até acontecem. Contudo, só se tornarão sustentáveis se tiverem uma base sólida adquirida através do conhecimento”, alertou.
Sandra disse ainda defender que a titulação acadêmica é indispensável para comprovação do saber e que as soluções fáceis e imediatas não oferecem nenhuma segurança e credibilidade.
“Vivemos uma época que a maioria procura facilidades, enriquecer rápido, sem esforço e sem dedicação para o aprendizado sério. Aos que acreditam que um curso superior e que a formação acadêmica é desnecessária faço um pedido: instruam-se, trilhem o caminho do conhecimento, sua inteligência e capacidade intelectual, suas ideias podem ter muito valor para o mercado de trabalho e a sociedade em geral. Levem suas ideias a uma banca e obtenham a comprovação de que são portadores de algo único que poderá ajudar muitas pessoas. Evitem se deixar contaminar pela ilusão de que o sucesso é fácil e não precisam se esforçar para conquistá-lo. Essa ideia só irá favorecer os que cobram por transmitir uma pseudo facilidade que fará você perder tempo e oportunidades”, aconselhou.
Sobre Sandra Raphael
Sandra Raphael, Administradora de Empresas e pós-graduada em Gestão, pela Nova School of Business & Economics – Lisbon, Portugal. Master Coach certificada pela The International Association of Coaching e SLAC Sociedade Latino Americana e tem Certificação Internacional de Chief Happiness Officer. Fundadora da escola de negócios em Luanda, Angola. Palestrante, treinadora e consultora, especialista em multiculturalidade e interculturalidade. Vasta experiência nos mercados brasileiros, europeu e africano. Autora e co-autora de artigos e case studies sobre a Gestão em Ambiente Multicultural.