Os biomas brasileiros registraram um aumento significativo no número de queimadas nos primeiros seis meses de 2024, conforme levantamento realizado pela WWF-Brasil. De acordo com o estudo, o Pantanal e o Cerrado tiveram a maior quantidade de focos de incêndio desde o início das medições pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em 1988. No Pantanal, foram detectados 3.262 focos de queimadas entre 1º de janeiro e 23 de junho, o que representa um aumento de mais de 22 vezes em relação ao mesmo período do ano anterior e marca o maior número da série histórica do INPE. A Amazônia também apresentou um aumento significativo, com 12.696 focos de incêndio detectados, um crescimento de 76% em comparação a 2023, e o maior índice desde 2004. Esse aumento nas queimadas, apesar de uma recente redução no desmatamento, sugere uma forte ligação com a crise climática, incluindo secas severas que vêm afetando a região desde 2023.
Especialistas explicam que as queimadas na Amazônia estão frequentemente associadas ao desmatamento, utilizado para “limpar” áreas desmatadas. No entanto, a alta nos focos de incêndio em 2024, mesmo com a queda do desmatamento, indica que fatores climáticos, como as intensas secas, têm desempenhado um papel significativo. Além da Amazônia, quase todos os outros biomas do país, com exceção do Pampa — que foi impactado por chuvas intensas e enchentes no Rio Grande do Sul —, apresentaram aumento no número de queimadas em comparação a 2023. No Cerrado, por exemplo, foram identificados 12.097 focos de incêndio, um aumento de 32% em relação ao ano anterior, o maior número já registrado pelo INPE para o período. O Mato Grosso, um dos estados que abrigam parte do bioma, teve um aumento de 85% no número de queimadas.
O agravamento das queimadas nos biomas brasileiros também está sendo atribuído à combinação de fatores como mudanças climáticas e práticas humanas, incluindo o desmatamento e a expansão agropecuária. Cyntia Santos, analista de Conservação do WWF-Brasil, destacou que elementos como as alterações climáticas, a destruição florestal e a influência do fenômeno El Niño, que traz períodos mais secos, têm impactado diretamente o ciclo de chuvas e a disponibilidade de água no Pantanal e outras regiões. Em resposta ao cenário alarmante, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, anunciou a proibição das “queimas controladas” para manejo de pastagens ou cultivos em áreas da Amazônia, Cerrado e Pantanal, ao menos até os últimos meses do ano, como parte das ações emergenciais para conter os danos ambientais.