Rodrigo Ferrarese *
Desde pequenas, as mulheres costumam aprender sobre os perigos do banheiro público. E que bom! De fato, trata-se de um local comprovadamente muito contaminado, com alguns objetos particularmente preocupantes: maçanetas, torneiras, botão para acionar descarga e o próprio assento do vaso sanitário, por exemplo.
Embora o risco de infecção seja relativamente pequeno, nem por isso deve-se deixar de tomar cuidado. Tanto que o ideal, sempre que possível, é evitar usar banheiros públicos. Assim, procure sempre urinar antes de sair de casa (sim, igual fazemos com crianças!) e evite tomar muitos líquidos.
O risco de contaminação em banheiros públicos é maior para doenças do trato gastrointestinal, como infecções intestinais e doenças de alta transmissibilidade, como hepatite A. Problemas de pele podem surgir após o contato com o assento do vaso, principalmente se na pele houver algum machucado, por onde podem entrar os patógenos. Infecções de urina também são possíveis de ocorrer. Alguns vírus, como HPV e herpes, podem ter a transmissão por contato com objetos contaminados, apesar de não ser o mais comum.
Vou deixar algumas dicas caso você necessite usar o banheiro público. Anote:
1 – Procure um banheiro mais limpo
Parece óbvio, mas vale gastar um tempinho para achar um banheiro público que pareça mais higienizado. Banheiros dentro de estabelecimentos comerciais, por exemplo, costumam ser limpos com mais frequência.
2 – Lave as mãos antes de entrar no banheiro
Sim! Ninguém se atenta a isso, mas quando estamos na rua e entramos em um banheiro público, nossas mãos estão sujas – iremos mexer com as mãos nas roupas íntimas e na região genital para higiene, portanto, as mãos devem estar limpas. Estudos mostram que os celulares podem estar mais contaminados que um assento de um vaso sanitário e, como estamos com o telefone o tempo todo nas mãos, logo elas também estão sujas mesmo antes de entrar no banheiro.
3 – Para secar as mãos, prefira papel
Para secar as mãos, o papel é melhor do que os secadores a jato de ar automáticos. O jato de ar ajuda a espalhar microrganismos pelo ambiente e o papel, além de não ter esse problema, ainda vai te ajudar a abrir a porta sem que sua mão – agora limpa – tenha contato com a maçaneta e fechadura sujas.
4 – Limpe o assento com álcool
Dentro da cabine, vem a maior dúvida: como usar o vaso sanitário? É comum encontrar o assento sujo, mas vê-lo sem sujeira não significa que ele está limpo. Lembre-se que os micro-organismos são invisíveis.
O ideal é sempre carregar lenços com álcool ou passar o agora tão famoso álcool em gel no assento antes de usá-lo. Muitas mulheres, na falta desse material de apoio para higiene, tentam fazer as necessidades fisiológicas sem encostar no vaso (haja equilíbrio e mira!). Uma opção fácil e prática é ter dentro da bolsa os funis que mimetizam um pênis, permitindo urinar em pé. Eles podem ser de silicone, plástico ou até mesmo de papel (descartável!) e são acoplados à vulva, criando um caminho para a urina.
Quando não há o que fazer, sente assim mesmo, evitando ao máximo encostar as mucosas (pequenos lábios, vagina e ânus) diretamente no vaso.
5 – Carregue na bolsa seu próprio papel higiênico ou lenço umedecido
Para higiene íntima, sugiro carregar na bolsa sempre o próprio papel higiênico ou lenço umedecido, já que o papel do banheiro público pode estar contaminado.
6 – Feche a tampa do vaso antes de dar descarga
Antes de dar descarga, sempre abaixe a tampa. Acioná-la enquanto aberta faz com que os microrganismos e sujeiras sejam lançados ao ar. Se a descarga for automática, tente se afastar dela rapidamente para estar um pouco distante quando ela entrar em atividade.
7 – Antes de sair do banheiro, lave as mãos novamente
Lave as mãos com água e sabão, não se contente com álcool em gel. Ele mata as bactérias, mas não tira a sujeira! Outro ponto importante: prefira sabonete líquido ao sabonete em barra. Sabonetes sólidos e toalhas de pano também são objetos altamente contaminados.
Cuidados especiais em época de COVID
Por último, alguns cuidados especiais precisamos ter nessa fase de COVID: prefira cabines mais largas e mais ventiladas. Dentro do banheiro, mantenha distância ideal das pessoas. Quando uma pessoa deixar a cabine, espere um tempo antes de entrar. E, claro, use máscaras! No banheiro, além de doenças, ela evita o constrangimento do cheiro ruim!
- O especialista é formado pela Universidade São Francisco, em Bragança Paulista. Fez residência médica em São Paulo, em ginecologia e obstetrícia no Hospital do Servidor Público Estadual. Atua em cirurgias ginecológicas, cirurgias vaginais, uroginecologia, videocirurgias; (cistos, endometriose), histeroscopias; ( pólipos, miomas), doenças do trato genital inferior (HPV), estética genital (laser, radiofrequência, peeling, ninfoplastia), uroginecologia (bexiga caída, prolapso genital, incontinência urinaria) e hormonal (implantes hormonais, chip de beleza, menstruação, pílulas, Diu…). Mais informações podem ser obtidas pelo perfil @dr.rodrigoferrarese ou pelo site https://drrodrigoferrarese.com.br/