O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nessa quarta-feira que, se o governo não mudar a maneira como conduz a pandemia, o Congresso pode usar “remédios políticos amargos”, alguns deles “fatais”, em referência à abertura de um eventual processo de impeachment.
A declaração foi dada no mesmo dia em que ele e um grupo de governadores estiveram em uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro onde ficou decidida a criação de um comitê para definir os rumos da pandemia.
Em discurso no plenário da Câmara, o parlamentar disse: “Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável. Não é esta a intenção desta Presidência. Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas, frutos da autocrítica, do instinto de sobrevivência, da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política”.
Lira também disse que “tudo tem limite” e que o limite do Parlamento “é quando o mínimo de sensatez em relação ao povo não está sendo obedecido”. Além disso, o presidente da Câmara também afirmou que o Congresso não é “a casa da privatização e das reformas”, mas sim “a casa do povo brasileiro”. Diante disso, a prioridade dos parlamentares neste momento seria de projetos que ajudem no combate à crise.
“Como presidente da Câmara dos Deputados, quero deixar claro que não ficaremos alienados aqui, votando matérias teóricas como se o mundo real fosse apenas algo que existisse no noticiário. Estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar: não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o país se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a serem praticados”, completou o político.
Para Lira, não é hora de tensionamentos, como a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ou “lockdowns parlamentares”. “Mas não depende apenas desta Casa. Depende também daqueles que fora daqui precisam ter a sensibilidade de que o momento é grave, a solidariedade é grande, mas tudo tem limite, tudo! E o limite do parlamento brasileiro, a Casa do Povo, é quando o mínimo de sensatez em relação ao povo não está sendo obedecido”.