A tão aguardada proposta de anistia e legalização para cerca de 11 milhões de imigrantes que vivem ilegalmente nos Estados Unidos foi finalmente apresentada nesta quinta-feira (18/02) ao congresso americano, e a expectativa é de que as votações para sua aprovação comecem na próxima semana, em uma discussão que deve se aprofundar em toda a sociedade americana.
Batizada de “Lei de Cidadania dos Estados Unidos – 2021”, a proposta sempre foi uma das promessas de campanha mais controversas do então candidato Joe Biden para promover uma reforma imigratória substancial no país, e sua aprovação vai depender de muita articulação política em um congresso extremamente dividido entre democratas e republicanos, naquele que promete ser o primeiro grande desafio político do novo governo americano.
“Se esta comunidade de 11 milhões de pessoas indocumentadas for legalizada, existe uma grande chance de que muitos deles passem a votar a favor dos democratas nas próximas eleições, e isso certamente não interessa aos congressistas e senadores republicanos. Além disso, muitas leis de imigração aprovadas nos últimos anos atendiam aos desejos do Partido Republicano. Portanto é muito provável que a votação desta proposta seja bem lenta e sofra diversas alterações até a definição de seu texto final – declarou Felipe Alexandre, advogado de imigração que atua há mais de 10 anos com processos de vistos e green cards para imigrantes nos Estados Unidos.
Segundo dados do Itamaraty divulgados em 2017, aproximadamente 1 milhão de brasileiros residem nos Estados Unidos, e a estimativa é de que pelo menos 300 mil deles tenham entrado ou permanecido de forma ilegal no país. Esta verdadeira “comunidade” brasileira nos Estados Unidos certamente aguarda ansiosa pela aprovação da proposta de anistia, que pode ser a realização do tão aguardado sonho de poder morar, estudar e trabalhar legalmente nos EUA.
“Existem milhares de brasileiros que, independentemente da forma como entraram no país, trabalham, pagam seus impostos em dia e colaboram com o crescimento da economia americana. Estas pessoas estão aguardando uma oportunidade como esta para enfim viverem plenamente o sonho americano de um futuro melhor” – ressaltou Felipe Alexandre.
Embora nem todos os critérios de qualificação para receber a sonhada anistia estejam inteiramente claros, a proposta inicial entregue pela deputada democrata Linda Sánchez, prevê a possibilidade de residência permanente imediata para cerca de 5 milhões de imigrantes indocumentados que trabalharam na linha de frente da pandemia da Covid-19.
A iniciativa também propõe que pessoas que estejam no país sob proteção de determinados programas de asilo, refúgio e ajuda humanitária, como o “Dreamers” e o “DACA”, possam receber o direito a cidadania americana, em um lento processo burocrático que pode chegar a até 8 anos.
Por fim, o texto da proposta busca diminuir obstáculos burocráticos e expandir a imigração legal com base em laços familiares, emprego, carreira ou investimento nos Estados Unidos. Algo que pode interessar bastante para muitos profissionais brasileiros que pensam em morar e trabalhar na América pelos próximos anos.
“Sem dúvida o aumento na cota de green cards para profissionais estrangeiros pode beneficiar a muitos brasileiros que desejam prosperar nos Estados Unidos, especialmente aquele bem qualificados e que exercerem profissões que hoje estão em falta nos Estados Unidos, como médicos, enfermeiros, dentistas, profissionais de TI e engenheiros, além de empresários. Com certeza teremos excelentes oportunidades para brasileiros com este perfil se esta proposta for de fato aprovada” – comentou Felipe Alexandre, que também é fundador da AG Immigration, escritório americano que já auxiliou centenas de brasileiros em seus processos de imigração para os EUA.
Nos demais trechos, a proposta reforça várias medidas que o presidente Joe Biden já havia implementado nos seus primeiro dias no governo, como a suspensão temporária de deportações, interrupção da construção do polemico muro entre os EUA e o México, fim do banimento para pessoas de determinadas nações com maioria muçulmana, e novos investimentos em tecnologia para aprimorar a segurança nas fronteiras.