O ingresso da tecnologia 5G promete fazer uma verdadeira revolução tecnológica no Brasil. Cerca de dez vezes mais veloz que a 4G, essa tecnologia trará maior qualidade e estabilidade à internet, proporcionando muitos ganhos para a sociedade. Mas na área da saúde, o País corre o risco de ficar fora desta revolução caso não seja resolvido o futuro jurídico da telemedicina. Uma lei, sancionada em abril de 2020, autorizou o exercício desta modalidade em caráter provisório, enquanto perdurar a pandemia. Depois deste período, os rumos da telemedicina são incertos.
“A tecnologia 5G vai multiplicar as possibilidades da telemedicina de tal forma que poderemos oferecer para a população serviços de atenção à saúde mais qualificados, mais adequados e mais acessíveis. E não vamos fazer isso porque não temos legislação para isso?”, indaga o médico Fábio Leite Gastal, superintendente de Informação, Inovação e Novos Negócios da Seguros Unimed. e curador do painel Internacional da Digital Journey by Hospitalar.
Embora exista há décadas, a telemedicina não era usada em larga escala no mundo antes da crise sanitária. No Brasil, particularmente havia muita resistência de entidades médicas. Com a pandemia, as consultas presenciais foram drasticamente reduzidas. E situações simples, como uma gripe, puderam ser resolvidas com uma avaliação médica de maneira remota. “Até a orientação para as pessoas com suspeita de covid-19 foi feita a distância. A partir da checagem de saturação de oxigênio, via oximetria, e da avaliação de sintomas como febre. Nesses casos, o médico estava em seu ambiente privado e paciente em sua casa”, afirma Fábio Gastal.
Na visão deste especialista, a telemedicina proporcionou ganhos para as comunidades mais pobres, que vivem na periferia e não têm acesso ao sistema de saúde. “Essas pessoas estão tendo acesso a uma medicina de qualidade, porque estamos em pandemia. Mas esta modalidade vai acabar depois da pandemia, se não houver uma discussão propositiva”, conclui.